Espaço Jacobeus e jornalista português premiados por divulgarem Caminho da Geira

A Associação Espaço Jacobeus (AEJ) e o jornalista português Carlos Ferreira foram distinguidos com o Prémio Abadessa Mariana 2023, pelo seu trabalho de defesa e divulgação do Caminho da Geira e dos Arrieiros, atribuído pela associação Codeseda Viva, da Galiza.

O prémio, criado em 2020, “reconhece pessoas, associações e entidades que colaboram com a associação no desenvolvimento de atividades e investigações”, e na presente edição foi atribuído também ao Seminário de Estudos Locais de A Estrada (Galiza).

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Após receber a distinção numa cerimónia que decorreu no MOME – Museu do Mobiliário e da Madeira de A Estrada, no sábado, dia 15, Carlos Ferreira disse “crer que o Caminho da Geira é dos Arrieiros (CGA) é, entre os itinerários novos, o único verdadeiramente a renascer por efeito dos peregrinos”.

“Não teve até agora um apoio institucional como outros, mas os peregrinos já fizeram partilhas de milhares de filmes, fotografias, filmes e de milhares de histórias que criaram uma enorme dinâmica de conhecimento e divulgação do CGA”, explicou.

“Deste ponto de vista”, adiantou o jornalista português – colaborador permanente do REGIÃO DE LEIRIA e diretor do Jornal da Batalha -, este caminho está certificado e validado, e creio ser um itinerário que nunca voltará atrás”.

No entanto, para o premiado esta circunstância “não menospreza o trabalho que tem de ser feito pelas entidades com papeis no ordenamento e gestão do território, na cultura e no turismo”.

“Peço é que as entidades com competências na homologação dos caminhos sejam transparentes a decidir e com equidade. Para mim não há caminhos maus, todos os que levam a Santiago de Compostela são bons”, salientou o jornalista, que recebeu o galardão pela divulgação que faz deste itinerário jacobeu.

Já o presidente da Associação Espaço Jacobeus, António Devesa, destacou que “todos os caminhos para Santiago de Compostela são aceites e abraçados pela associação, que está em todas as frentes e é transparente”.

Em relação ao CGA disse que, como noutros caminhos, “há pedras, mas vão ser retiradas, porque quem fala mais alto é Santiago de Compostela”. “Problemas há-os sempre, mas sinto um grande orgulho no Caminho de Santiago, porque é uma espécie de Nações Unidas, que recebe gente de todo o mundo”, referiu António Devesa.

“É um caminho algo mágico neste e noutros aspetos, que nos forma no sentido da partilha e de sermos seres humanos melhores, que une”, destacou o presidente da AEJ, que recebeu o prémio pela entrega da associação na ajuda aos peregrinos e pelo apoio ao CGA.

A presidente do Seminário de Estudos Locais de A Estrada, Chus Fernández Bascuas, recebeu o galardão por a instituição ter recebido os primeiros peregrinos que chegaram pelo CGA em 2017 e pela divulgação deste caminho em diversas revistas de referência de história e cultura.

Na cerimónia estiveram presentes, além de autarcas e dirigentes associativos portugueses e galegos; o presidente da Academia Jacobeia, Xesús Palmou, os investigadores Luís Ferro e Jorge Fernández, o presidente da Associação de Amigos do Caminho Português de Santiago, Celestino Lores,  o geógrafo Mark Auchincloss, o escritor Pepe Balboa e o influencer chinês, Hui Liu, entre outros.

O Prémio Abadessa Mariana 2023 perpétua a memória da primeira abadessa do Mosteiro de Codeseda (A Estrada), da qual existem referências escritas desde os princípios do século IX e que no ano de 1164 passou a ser governado por uma mulher, mantendo a sua condição de mosteiro feminino até à sua extinção cerca do ano 1419.

Sobre o CGA

O Caminho da Geira e dos Arrieiros começa na Sé de Braga e passa pelos municípios de Amares, Terras de Bouro e Melgaço, entrando na Galiza pela Portela Homem. Nos últimos seis anos foi percorrido por mais de três mil peregrinos, um terço dos quais em 2022;  sobretudo de Portugal e Espanha, mas também de Itália, Inglaterra, Alemanha, Croácia, Ucrânia, Rússia, Polónia, Brasil, EUA, Austrália, Países Baixos ou China.

Este itinerário foi apresentado em 2017 em Ribadavia (Galiza) e Braga, reconhecido pela Igreja em 2019 e em publicações da associação de municípios transfronteiriços Eixo Atlântico (2020) e do Turismo do Porto e Norte de Portugal (2021).